sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Chopin, brinquedos e sorrisos



“André Carrara não é mais uma promessa, mas sim uma brilhante realidade no cenário pianístico do Brasil. Sua gravação dos Estudos op. 10 de Chopin se equipara ao que de melhor existe no mercado fonográfico”.

Nelson Freire


“Um pianista que coloque em seu programa todos os 12 estudos op. 10 (ou os 12 estudos op. 25) de Chopin estará fazendo uma declaração de confiança na sua habilidade técnica e na sua capacidade de resistência”.

Celso Loureiro Chaves




Bom, é isso que andaram dizendo do "rapaz" aí da foto. Considerando quem disse, quer me parecer que não há necessidade que eu me estenda apresentando seu currículo. Limito-me a mencionar, a quem porventura não saiba, que tenho a honra de ser seu colega, na Orquestra Sinfônica de Porto Alegre.

O que me dá espaço para mencionar outra pessoa que trabalha na OSPA, e que está por trás deste recital: nossa querida, dinâmica, e hiper-eficiente assessora de imprensa, Milena Fischer, que encontrou tempo para propor a si mesma a bonita tarefa de levar um pouco de alegria a crianças carentes.

A campanha Doe Brinquedos - Adote Sorrisos está funcionando a todo vapor, já arrecadou mais de 1,2 mil brinquedos (serão distribuídos a crianças ligadas a diversas instituições: Casa de Nazaré, Lar Restaurar, Escola da Vida, Grupo de Apoio à Criança Soropositiva Mais Criança, Creche Piu-Piu, entre outras), e conta com apoio de empresas e indivíduos. Você tbém pode participar!

Uma boa maneira - particularmente vantajosa para você - é ir ouvir Chopin interpretado por André Carrara. Não apenas os Estudos op. 10, mas os op. 25 tbém. Ou seja, todos os estudos de Chopin em um único recital deste que, segundo Nelson Freire, "não é mais uma promessa, mas sim uma brilhante realidade (...)".

Há 2 oportunidades:

- neste sábado, dia 5 de dezembro, às 19h, no Auditório Luis Cosme da Casa de Cultura Mario Quintana;

- segunda-feira, 7 de dezembro, às 20h, no Instituto Goethe (24 de Outubro, 112).

A entrada é franca, mas não esqueça de levar brinquedo (s)!

Para saber mais sobre a campanha, inclusive sobre outras maneiras de contribuir, visite o blog Doe Um Brinquedo .




quarta-feira, 22 de julho de 2009

Ouvir e Compreender Música: Debussy, Villa & cia no Clio


Orfeão – ouvir e compreender a música de Porto Alegre. Assim se chama a nova série de concertos promovida pelo Studio Clio em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura. A proposta da série - por coincidência - não poderia ser algo mais afinado com a meta deste blog:

A série valoriza músicos e músicas da cidade, ou aqui atuantes, com repertórios locais e internacionais. Os concertos Orfeão valorizam também a compreensão da linguagem musical, oferecendo diversos recursos didáticos a cada concerto.

A quem não conheça o Studio Clio e, particularmente, a figura do Nosso Homem Renascentista, Prof. Dr. Dr. Chico Marshall, poderia passar pela cabeça a idéia que se trate de mais um projeto de natureza provinciano-ufanista, dos quais nossa terra é pródiga. Nada poderia estar mais distante da verdade, entretanto:

Em alusão ao ano da França no Brasil, a série Orfeão apresenta "Sonoridades francesas e brasileiras", um painel da música francesa do final do século XIX e início do século XX, época em que ela influenciou diretamente a música brasileira. Neste contexto, o Collegium Musicum Porto Alegre apresenta também obras de Heitor Villa-Lobos, um dos compositores brasileiros que mais intensamente viveu as relações entre Brasil e França.



Correndo sério risco de ser acusado de francofilia , o Trio Giverny (i.e. Collegium Musicum, neste caso) volta a interpretar a Sonata para Flauta, Viola e Harpa de Claude DEBUSSY - uma das grandes obras da música de câmara do início do séc. XX, e virtual razão da existência deste Trio, bem como de todos os trios de idêntica formação.


Outro destaque deste concerto é participação vocal e muito especial de Cíntia de los Santos, que interpreta duas canções de Gabriel FAURÉ (com harpa) e duas canções de Albert ROUSSEL sobre sonetos do grande poeta renascentista Pierre de RONSARD. Estas últimas têm a interessante particularidade de ter sido compostas para soprano e flauta, tão-somente, e possivelmente serão ouvidas em Porto Alegre pela primeira vez. "Rossignol, mon mignon" é a versão renascentista daquilo que nós chamaríamos uma canção de dor-de-cotovelo. Enquanto os arabescos melódicos da flauta representam o pássaro irrequieto, a parte vocal chora um amor não correspondido. "Ciel, aer et vens" é um soneto de despedida, musicado por Roussel em ritmo de siciliana, com um estilo de contraponto que evoca a música antiga. Encontrei esta versão portuguesa:

"Céu, ar e ventos" - Pierre de Ronsard
(Trad. de Fernando Torquato Oliveira)

Céu, ar e ventos, píncaros dispersos,
colinas e florestas verdejantes,
rios sinuosos, fontes borbulhantes,
campos ceifados, bosques tão diversos,

semi-abertos covis, antros imersos,
pastagens, flores, ervas rastejantes,
vales longínquos, praias coruscantes,
e vós, rochedos, que guardais meus versos,

desde que partirei, mas sem dizer
adeus ao seu olhar, para esconder
esta emoção que nunca terá fim;

eu vos suplico, céu, ventos e montes,
pastagens e florestas, rios, fontes,
antros, flores: - dizei-lhe adeus por mim!


Além das canções de Fauré e Roussel, Cíntia junta-se ao Trio para mostrar trechos da Cantilena (Bachianas Brasileiras nº 5) de VILLA-LOBOS e do Dueto das Flores, da ópera Lakmé, de Leo DELIBES. Nosso violista e mega-agitador cultural, Cosmas Grieneisen, encontrou um elo de ligação entre as Bachianas e Lakmé. Quer saber o que é? Venha e ouça...


Complementam o programa - que contém uma mescla cuidadosamente escolhida de "música desafiadora" e "clássicos populares" - mais cinco peças instrumentais de Saint-Saëns, Fauré, Debussy, Villa, e Jacques IBERT.

Artur Elias, Cosmas Grieneisen, Norma Rodrigues: Trio Giverny



23 de julho, quinta-feira, às 20h30min

ingressos a preços populares:
R$ 15,00 (público em geral)R$ 10,00 (professores, estudantes e idosos)

no Studio Clio

R. José do Patrocínio 698 - Cidade Baixa

fone (51) 3254 7200

(tem estacionamento conveniado, visite a página para saber detalhes)


terça-feira, 21 de julho de 2009

Trio Giverny no Solar



Amanhã, quarta-feira 22, fazemos mais um recital baseado no repertório franco-brasileiro. Este programa será um pouco mais curto, mais leve, e tbém mais brasileiro que os outros que temos apresentado nesta temporada. Pois este é o espírito dos Saraus que acontecem todas as 4ªs-feiras, sempre às 18:30, no belo Solar dos Câmara, importante prédio histórico do Centro porto-alegrense, e que pertence à Assembléia Legislativa.


Uma das várias coisas bacanas deste projeto é que todos os Saraus são gravados e retransmitidos pelo canal 16 da NET - ao menos uma vez (no sábado subseqüente ao Sarau, às 20:00).


Acima o programa do recital. Abaixo, o cartaz com todas as atrações do mês de julho.






terça-feira, 9 de junho de 2009

Q.I. no Foyer do TSP (Musical Petropar)

QUARTETO INSTRUMENTAL


no


MUSICAL PETROPAR


10 de junho de 2009, às 12:30


Música de Câmara Brasileira “erudita” e “de raiz”;
homenagem aos 100 anos de presença francesa no Brasil









Coube ao Q.I. a agradável tarefa de substituir um outro grupo, de última hora, no tradicional Musical Petropar (antigo Música ao Meio-Dia), que acontece todas as 4ªs feiras, no Foyer do Theatro São Pedro, na Praça da Matriz.
O programa é idêntico ao que apresentamos na Casa da Música no último dia 31, salvo uma pequena modificação.
Devido ao inesperado da situação, a divulgação ficou prejudicada; o que inclui esta postagem que vai ao ar a pouco mais de 12 horas do concerto; antes tarde do que nunca...





O Quarteto nº3 “Brasileiro” de Alberto NEPOMUCENO abre o recital. Este grande compositor cearense do século XIX é uma figura chave na formação de uma identidade brasileira na música de concerto. Discípulo de grandes mestres europeus, amigo pessoal de Edvard Grieg, Nepomuceno voltou o Brasil e dedicou-se totalmente à renovação e qualificação da vida musical brasileira. Além de compositor, pianista e regente, foi professor e diretor da Escola Nacional de Música, no Rio de Janeiro.

A obra “15 minutes”, de 2006, uma das mais recentes composições de Jean-Michel DAMASE (1928), é ,na minha modesta opinião, uma das melhores peças já compostas para flauta e trio de cordas, e foi adotada como pièce de résistance do Q.I. O título é uma alusão direta à duração da peça, que encanta e inebria com suas cores, harmonias, melodias, ritmos e contrapontos surpreendentes.

Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha e outros: música brasileira de raiz, arranjada sob medida para o Q.I., transformada em música de câmara, ensaiada nos seus mínimos detalhes e interpretada com alegria! Uma amostra desta nova vertente do nosso trabalho encerra este concerto.






QUARTETO INSTRUMENTAL

O Q.I. é um grupo de câmara estável, formado por integrantes da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre: Artur Elias Carneiro, flauta; Elena Romanov, violino; Vladimir Romanov, viola; e Rodrigo Alquati, cello. O Q.I. vem se destacando pelo esmero e qualidade de suas apresentações, bem como pela riqueza do repertório, que inclui a literatura clássica e moderna para flauta, violino, viola e cello, adaptações de quartetos de cordas, e arranjos especialmente concebidos para o grupo.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Q.I. na Casa da Música


a Casa da Música é um novo espaço para recitais, aulas e ensaios -
um antigo sobrado na idílica Gonçalo de Carvalho,
próximo aos fundos do Shopping Total -
reformado e decorado com muito bem gosto por sua proprietária,
a conhecida cantora Ângela Diel


é lá que o Quarteto Instrumental abre (um pouco tardiamente)
sua temporada de 2009


neste domingo, dia 31 de maio, às 18:00, entrada franca


revisitamos Alberto Nepomuceno e seu Quarteto Brasileiro;
a psicodélica 15 minutos, de Jean-Michel Damase,
é nossa homenagem ao chamado Ano da França no Brasil;
e encerramos voltando às origens,
com arranjos camerísticos bem elaborados de alguns clássicos do choro!


domingo, 19 de abril de 2009

Trio Giverny no Santander - uma estréia

Como primeira notícia musical neste novo blog, nada mais apropriado do que anunciar uma première - ou seja, uma estréia.


É com muito entusiasmo que compartilho o tardio nascimento de mais um ensemble (grupo de música de câmara) do qual tenho a imensa alegria de fazer parte: o Trio Giverny, formado por Norma Holzer Rodrigues (harpa), Cosmas Grieneisen (viola) e este que aqui escreve.


Como todos os trios de flauta, viola e harpa do mundo, o Giverny existe em virtude de uma obra musical em especial, com a qual esta formação instrumental foi de fato 'inventada': a Sonata de Claude DEBUSSY (mais sobre isso no release do concerto, abaixo).



Embora a estréia oficial seja hoje, no Átrio do Santander Cultural, já tivemos a oportunidade de realizar algumas avant-premières (pré-estréias), o que nos dá a sensação de já ser realmente um conjunto entrosado. Tocamos o Interlude da Sonata na solenidade de assinatura do novo convênio OSPA-UFRGS, quando tivemos a curiosa honra de contar com o Mº Isaac Karabtchevsky como virador de páginas; e fizemos pequenos recitais na Sala Luís Cosme e na Aliança Francesa, apresentando parte do programa de hoje.



Segue release do concerto, de autoria do Cosmas, e as informações de praxe.


[Peço desculpas pela abundância de termos franceses - creio que esta música nos transformou momentaneamente em francófilos...]



T R I O G I V E R N Y

Uma rara formação de música de câmera, o trio para flauta, viola e harpa, se apresentará neste domingo, 19 de abril, às 17:00 no Átrio do Santander Cultural.

Os músicos da orquestra sinfônica de Porto Alegre Cosmas Grieneisen (viola), Artur Elias (flauta), e Norma Rodrigues (harpa) apresentarão, entre outras obras do impressionismo francês, a famosa composição de Claude DEBUSSY que, completada três antes sua morte em 1918, desde então é tida como opus sui generis, tendo posteriormente influenciado inúmeros compositores para compor para esta formação tão eclética. A obra, entitulada Sonate pour flute, alto et harpe é composta dos movimentos Pastorale, Interlude e Finale.


Inspirando-se nas telas de Claude MONET, o trio leva o nome de Giverny, região da França na qual o pintor, em seu jardim, criou, ao longo dos anos, uma série de obras entituladas “Les Nymphéas” (exemplo acima). Essas composições, cujo sujet (tema) é a flora aquática, e, principalmente, os reflexos de luz na água, invocam momentos de efemeridade, e, embora de caráter pastoril e melancólico, possuem grande intensidade emocional; de certa forma, podem ser consideradas o manifesto visível da música de DEBUSSY.




Quando: domingo, dia 19 de abril, às 17:00
Onde: Átrio do Santander Cultural
Rua Sete de Setembro, 1028 (Pç da Alfândega) - Centro

informações fone 3287-5940

sábado, 18 de abril de 2009

M U S I Q U A N D O - postagem inaugural



Pronto. Aqueles dentre vós que porventura estivessem a sentir falta das dicas culturais, avisos sobre concertos, repercussões, e insights de bastidores (como alguém comentou uma vez), agora já têm onde encontrar isso novamente.


Está no ar o blog M U S I Q U A N D O, no qual passa a ser postado todo o conteúdo de cunho musical e afim, antes compartilhado no Pés pra Cima! (que até ontem era meu único blog).


Conforme anunciei nesta postagem de janeiro, o "Pés" fica (em princípio) dedicado exclusivamente ao mundo da bicicleta e sua interação com o esporte, o transporte e o meio-ambiente.


M U S I Q U A N D O é o espaço onde irei postar avisos de concertos, repercussões, e reflexões. Ao postar sobre um concerto, tbém envio emeio a um grupo de pessoas interessadas. O emeio normalmente é bem sucinto e leve, e contém o linque para o blog. Tbém é uma maneira de ampliar 1 pqnho a parca presença das artes na mídia - através desta maravilhosa, democrática, caótica ferramenta que é a Rede - e um de seus nichos mais interessantes, a Blogosfera.


O tema e a razão de ser do blog é aquilo que chamo de música viva ou verdadeira.


Música viva ou verdadeira é o fenômeno que acontece quando (e somente quando) alguém faz soar e alguém escuta. O ato de fazer música é irrepetível e tem por esta e outras razões um valor sagrado.


Em oposição à experiência musical viva está a experiência musical morta, que chamo bem-humoradamente de "música em conserva": a escuta da reprodução mecânica de música, ou seja, de gravações (LP, CD, mp3, etc).


Outra analogia possível e ainda mais bem-humorada é a seguinte: fazer & ouvir música (como uma coisa só) é um ato de amor; escutar música gravada é uma forma muito refinada de masturbação.

Não me entendam mal, por favor; não se trata de moralismo! Mas vejam: a auto-satisfação cumpre importantes funções fisiológicas e psico-sociais, sendo portanto uma habilidade útil, e, em certas ciscunstâncias, praticamente indispensável. Mas nem por isso estaríamos dispostos a torná-la substituto definitivo para o enlace amoroso.


Mesmo aqui há espaço para a criatividade; um divertido blogueiro encontrou uma maneira de unir onanismo e música.


Assim como a auto-satisfação, a escuta de "música em conserva" tbém cumpre importantes funções, e a existência de "música em conserva" é algo muito útil. Eu mesmo possuo, como todo mundo, uma bela coleção de CDs e outra maior ainda de arquivos de áudio neste computador (muitos deles comprados, acredite quem quiser). Utilizo esse estoque de conservas como material de estudo, principalmente. Para me alimentar musicalmente, preciso tocar, cantar, ou ouvir alguém tocando ou cantando.


Claro que esta é uma versão bastante pessoal e muito simplista de um tema que pode ser bem complexo e polêmico. Espero que ninguém se ofenda com as brincadeiras, e que, mesmo que não concorde com este ponto de vista, não deixe de visitar o Musiquando.




Mas o que realmente importa: cante, toque, e vá ouvir quem (en)canta e toca!




Embora tenha um componente evidente de marketing pessoal, este blog não tem o objetivo único e exclusivo de promover e divulgar projetos nos quais estou diretamente envolvido. A depender da aceitação e participação da comunidade musical, M U S I C A N D O pode (ou não) se tornar um espaço de ressonância bem mais amplo.


O foco principal do blog, em termos específicos, é a música de câmara; e, em termos amplos, toda música que aspira a ser arte antes de ser produto e que esteja acontecendo aqui na província.